quinta-feira, 19 de maio de 2011

Rumo ao Rio!


    Foto Caroline Cezar


Oba! Ganhamos a promo do blog Mães à Obra e levamos três passagens pro Rio! Dá uma olhada no espaço das colegas jornalistas e como rolou a escolha aqui ó. Compartilhamos o texto que foi escolhido, "Esvaziando a mochilinha - uma aventura com crianças na Patagônia Argentina". (PS: dedico esse prêmio à minha colega de blog e amiga de vida Luciana Zonta, que foi a principal incentivadora na participação. Obrigada Lú, foi graças a ti!) 


"Esvaziando a mochilinha
Não sei se por afinidade, educação, genética ou sorte, nós quatro gostamos de praia, mato, cachoeira, montanha ou qualquer outra paisagem que possibilite um contato maior com a natureza quando optamos por sair de casa. Centros urbanos não nos atraem como destino principal, gasta-se muito, contempla-se pouco. Nossos filhos, a nossas vistas, parecem crescer muito rápido, então decidimos que estava na hora de uma esticada maior, para que eles pudessem sentir na pele o que é viajar de verdade. Sara tem 5, Davi tem 11.

Nosso destino era a Patagônia Argentina, por um mês. Pedimos a amigos que cuidassem da casa e dos cachorros e colocamos nossa outra casa nas costas: estava tudo lá, em duas mochilonas e duas mochilinhas: teto, camas, cozinha, comida, roupas quentes e de banho, livros, equipamentos. Quase não dá para acreditar que é possível viver carregando tudo que é preciso, nem mais nem menos. O roteiro não estava muito determinado para ficarmos livres para adaptar conforme nossa vontade.
Dos 28 dias, dormimos 5 ou 6 em camas de hostels. Nos outros, dividimos a barraca, numa convivência tão estreita que nunca tínhamos experimentado antes. O frio noturno possibilitava o aconchego e tudo correu sem problemas. Fizemos Floripa – Buenos Aires de avião e depois ônibus e pernas pra que te quero. O “cochecama” Buenos Aires-Bariloche, para percorrer a longa viagem de 22 horas, é muito confortável. Para se hospedar na cidade é bom reservar antes, mas tem campings muito charmosos em vilas ao redor da cidade, em torno de lagos. Muitas famílias acampam na Argentina. É barato, tranquilo e sai completamente do lugar comum. Água quente em qualquer torneira garante o conforto, água corrente nos ouvidos facilita o relaxamento. Somado a pães caseiros, geléias naturais, e outras comidinhas pouco industrializadas, bem fáceis de encontrar por aqueles lados, fica um luxo “campeiro”. Da melhor qualidade.
Naquela região de Bariloche, florida que só, fomos além: acompanhados de amigos escaladores passamos uma semana em cima da montanha, ao redor do Refúgio Emílio Frey, um parque de diversões a céu aberto para todas as idades, mas não qualquer disposição. Começando pelo acesso, uma trilha com cerca de 10 quilômetros e ascensão bastante exigente. Levamos sete horas para subir, com paradas para banho gelado de rio e lanchinhos, e correu tudo mais que bem. As mochilas foram levadas por cavalos. O tempo bom facilitou a vida e lá em cima, durante esses poucos e intensos dias, exercemos toda delícia de ser criança, interagindo com lagos, gelo, montanha, rochas, bosques e partilha: de tempo, comida, espaço e humores.
Com a ajuda dos meninos, bastantes experientes na Patagônia, montamos um acampamento isolado mas com estrutura de primeira. As crianças, que já têm bastante contato com esse tipo de programa, estavam muito à vontade e chamavam atenção por onde passavam. Esse passeio não é recomendado para quem não tem experiência em montanha, e é preciso estar preparado para qualquer imprevisto, como uma mudança de tempo abrupta. Não é muito comum encontrar brasileiros com crianças montanha acima, mas os europeus têm muito essa cultura, carregam os filhos para qualquer lado, é natural.
Não é possível descrever em tão poucas palavras a felicidade desse crescimento compartilhado, mas se pudéssemos dar uma dica de viagem seria: mudança de perspectiva. Não adianta sair, se levarmos tudo junto. Precisamos estar abertos a experimentar o novo e testar nossos limites, nossa capacidade de riso e de improviso. Os filhos são ótimos parceiros para isso, ainda não criaram tantos padrões de comportamento. A maior prova que dá certo é o brilho no olhar. E isso não é frase de efeito nem poesia barata."









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