Foto Caroline Cezar
Oba! Ganhamos a promo do blog Mães à Obra e levamos três passagens pro Rio! Dá uma olhada no espaço das colegas jornalistas e como rolou a escolha aqui ó. Compartilhamos o texto que foi escolhido, "Esvaziando a mochilinha - uma aventura com crianças na Patagônia Argentina". (PS: dedico esse prêmio à minha colega de blog e amiga de vida Luciana Zonta, que foi a principal incentivadora na participação. Obrigada Lú, foi graças a ti!)
"Esvaziando a mochilinha
Não sei se por afinidade, educação, genética ou sorte, nós quatro gostamos de praia, mato, cachoeira, montanha ou qualquer outra paisagem que possibilite um contato maior com a natureza quando optamos por sair de casa. Centros urbanos não nos atraem como destino principal, gasta-se muito, contempla-se pouco. Nossos filhos, a nossas vistas, parecem crescer muito rápido, então decidimos que estava na hora de uma esticada maior, para que eles pudessem sentir na pele o que é viajar de verdade. Sara tem 5, Davi tem 11.
Não sei se por afinidade, educação, genética ou sorte, nós quatro gostamos de praia, mato, cachoeira, montanha ou qualquer outra paisagem que possibilite um contato maior com a natureza quando optamos por sair de casa. Centros urbanos não nos atraem como destino principal, gasta-se muito, contempla-se pouco. Nossos filhos, a nossas vistas, parecem crescer muito rápido, então decidimos que estava na hora de uma esticada maior, para que eles pudessem sentir na pele o que é viajar de verdade. Sara tem 5, Davi tem 11.
Nosso destino era a Patagônia Argentina, por um mês. Pedimos a amigos que cuidassem da casa e dos cachorros e colocamos nossa outra casa nas costas: estava tudo lá, em duas mochilonas e duas mochilinhas: teto, camas, cozinha, comida, roupas quentes e de banho, livros, equipamentos. Quase não dá para acreditar que é possível viver carregando tudo que é preciso, nem mais nem menos. O roteiro não estava muito determinado para ficarmos livres para adaptar conforme nossa vontade.
Dos 28 dias, dormimos 5 ou 6 em camas de hostels. Nos outros, dividimos a barraca, numa convivência tão estreita que nunca tínhamos experimentado antes. O frio noturno possibilitava o aconchego e tudo correu sem problemas. Fizemos Floripa – Buenos Aires de avião e depois ônibus e pernas pra que te quero. O “cochecama” Buenos Aires-Bariloche, para percorrer a longa viagem de 22 horas, é muito confortável. Para se hospedar na cidade é bom reservar antes, mas tem campings muito charmosos em vilas ao redor da cidade, em torno de lagos. Muitas famílias acampam na Argentina. É barato, tranquilo e sai completamente do lugar comum. Água quente em qualquer torneira garante o conforto, água corrente nos ouvidos facilita o relaxamento. Somado a pães caseiros, geléias naturais, e outras comidinhas pouco industrializadas, bem fáceis de encontrar por aqueles lados, fica um luxo “campeiro”. Da melhor qualidade.
Naquela região de Bariloche, florida que só, fomos além: acompanhados de amigos escaladores passamos uma semana em cima da montanha, ao redor do Refúgio Emílio Frey, um parque de diversões a céu aberto para todas as idades, mas não qualquer disposição. Começando pelo acesso, uma trilha com cerca de 10 quilômetros e ascensão bastante exigente. Levamos sete horas para subir, com paradas para banho gelado de rio e lanchinhos, e correu tudo mais que bem. As mochilas foram levadas por cavalos. O tempo bom facilitou a vida e lá em cima, durante esses poucos e intensos dias, exercemos toda delícia de ser criança, interagindo com lagos, gelo, montanha, rochas, bosques e partilha: de tempo, comida, espaço e humores.
Com a ajuda dos meninos, bastantes experientes na Patagônia, montamos um acampamento isolado mas com estrutura de primeira. As crianças, que já têm bastante contato com esse tipo de programa, estavam muito à vontade e chamavam atenção por onde passavam. Esse passeio não é recomendado para quem não tem experiência em montanha, e é preciso estar preparado para qualquer imprevisto, como uma mudança de tempo abrupta. Não é muito comum encontrar brasileiros com crianças montanha acima, mas os europeus têm muito essa cultura, carregam os filhos para qualquer lado, é natural.
Não é possível descrever em tão poucas palavras a felicidade desse crescimento compartilhado, mas se pudéssemos dar uma dica de viagem seria: mudança de perspectiva. Não adianta sair, se levarmos tudo junto. Precisamos estar abertos a experimentar o novo e testar nossos limites, nossa capacidade de riso e de improviso. Os filhos são ótimos parceiros para isso, ainda não criaram tantos padrões de comportamento. A maior prova que dá certo é o brilho no olhar. E isso não é frase de efeito nem poesia barata."