sábado, 6 de novembro de 2010

Yael na estrada!

Colaboração da Gabriela Maraschin*



Quando temos um filho, queremos dar o melhor para ele. 

E o melhor que eu posso dar para a minha filha é o mundo. Por isso, Yael já nasceu com o pé na estrada. Prestes a completar 5 meses, carimbou o passaporte pela primeira vez e encarou um mochilão pela Itália, país de sua família materna. Me surpreendi com a curiosidade e a parceria deste serzinho tão pequeno. É claro que a companhia e o apoio da "nona" foram fundamentais para o sucesso desta primeira aventura, que acabou por aprofundar muito os laços mãe-neta-avó. 

Iniciada na estrada, Yael partiu para sua segunda prova de fogo aos 15 meses de idade: uma viagem da França até o fim da Terra, o Finistério, lá onde a Espanha faz a curva. Foram mais de 3 mil quilômetros vivendo numa van, dormindo na beira da praia, no alto de montanhas e campos. Foi também nossa primeira viagem juntos, eu, Yael e o pai dela. Pegamos muitos dias frios e com chuva. Foi difícil ficar presa dentro do carro com um bebê, achar lugar para tomar banho, fazer comida. Nos estressamos! Mas percebemos que, não demora muito, o sol brilha. E quando ele brilha é hora de aproveitar. Yael viu de pertinho vários animais que só conhecia dos livrinhos, aprendeu algumas palavras em espanhol, tomou banho de mar gelado dando risada, mergulhou, pisou em areias com várias texturas (fofa, de pedrinhas, de conchinhas quebradas), provou comidas diferentes, explorou pracinhas e brinquedos novos, viu cidade grande, vilarejos perdidos, mato, morro, campo e praia. Andou de pé de descalço, se sujou, tomou banho de panela e nas duchas das praias. Comeu doce, peixe fresco e aprendeu a ficar de pé na prancha do pai. Dormiu debaixo do céu mais estrelado que já vi nos meus 30 anos de vida. E como foi bom fazer isso com ela. Nessas três semanas, minha filha ficou solta e cresceu. Fez todas as refeições sem sua cadeirinha de bebê, dormiu longe do seu bercinho, tomou banho fora de sua banheirinha e nada disso fez falta. Ao contrário, vi Yael se encantar, encher seus olhinhos e alimentar seu espírito.

Meu bebê virou uma menininha. E agora, já em casa, entendi que quem aprendeu com esta viagem, não foi ela, mas eu. Yael me ensinou a me abrir sem preconceitos para o mundo. 

*Gabriela Maraschin é brasileira que mora na França, jornalista, mãe de Yael.

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