segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Literalmente crianaestrada!

Texto escrito pela nossa nossa amiga Thais Andrade a convite do CRIAnaestrada, lá por dezembro... A essas alturas, os três estão em plena trip! Você tem alguma experiência crianaestrada? Divida aqui!


Literalmente crianaestrada
Thais Andrade

COMO TUDO COMEÇOU

Faltava um ano para me formar em medicina Ayurveda. Desde que começara o curso, tinha
decidido ir à Índia para fazer uma especialização ao final do curso, junto com o grupo formado
aqui no Brasil. Então, foi ai que a inesperadíssima notícia veio: “estou grávida!!!”

Tinha apenas 20 anos, eu e meu companheiro estávamos efetivamente morando juntos há um
mês (ou seja, praticamente no dia que ele se mudou eu engravidei) e eu tinha muitas metas já
estabelecidas para aquele ano... Uma delas era a tão sonhada viagem à Índia.

E agora, o que fazer? Desistir de tudo? A vida acabou? Nossa, meu mundo desmoronou...

Enfim, muitas coisas aconteceram neste meio tempo... Dali um mês me recuperei do susto,
depois nos casamos, nos mudamos, a vida continuou... Mas eu não conseguia desistir da
idéia da viagem, na verdade, essa coisa de desistir dos sonhos nunca foi comigo... E aquele
era um sonho muito importante, cultivado por mais de dois anos! Então, silenciosamente, fui
trocando idéias com alguns médicos, com meus professores, e claro, com outras sábias mães.
Surpreendentemente os feed backs foram super positivos! Eles diziam: “Você só precisa do
peito e de um sling”; “Olha se não for agora, não vai mais porque enquanto o baby mama no
peito e fica no colo é bem mais fácil”; “Essa é a melhor hora para ir, ele não paga passagem,
não come, fica bem mais em conta”.

Maravilha!!!!

Agora, só faltava falar com o maridão e saber tanto de sua opinião como de sua disposição,
afinal de contas no mês de janeiro ele teria que segurar a onda enquanto eu estudaria. E era
justamente neste mês que ele teria suas férias... E aqui abro um parêntese: meu marido é um
mochileiro de primeira, ficou muitos anos rodando pelo mundo afora, inclusive já morou na
Índia por três meses e sabe bem como as coisas funcionam por lá. Então, prontamente ele
disse que não iria: “gastar um dinheirão, no meu mês de férias, para ficar de babá, naquela
loucura??? Só se fosse por uma trip de surf! ”. Eu rapidamente rebati dizendo que meu curso
aconteceria na mesma cidade onde nosso mestre, Swami Dayananda , tem seu ashram (local
no qual ele residiu e repetiu diversas vezes que só voltaria para Índia se fosse para lá) ,então,
o persuadi dizendo que depois poderíamos fazer o Vedanta Camp com Swamiji!! E quem sabe
alguns dias na Europa...

Ótimo, pelo menos ele falou que iria pensar no assunto...

Quando fomos ver, o Vedanta Camp (estudos de Vedanta com Swami Dayanada) no ano de
2011, só abriria em março! E agora??? Negociar mais algumas semanas de férias em fevereiro
tudo bem, mas negociar três meses já era inviável, ou “chutaríamos o balde” ou desistiríamos
da idéia.

Deisitir? Ai, detesto esta palavra..

Pensa cabeçinha, pensa...

Então quem veio com a “superidéia” foi ele, o mochileiro de primeira, que disse: “Vamos
chutar o balde... não vamos ter outra oportunidade igual a esta. Em janeiro cuido do baby
para você estudar, em fevereiro vamos surfar em algum lugar próximo e em março voltamos à
Índia para o Vedanta Camp.

Ótimo! Ficaria bom para todo mundo...

E eu botei ainda mais lenha na fogueira: “Vamos então, na volta, dar um pulinho na Europa!”

Contatos foram feitos, assim como propostas de trabalho e de trocas... A coisa foi se
estendendo e um projeto de um mês se transformou em um projeto de seis meses, pois
marcamos nossa volta para o dia 4 de agosto de 2011. Passaremos 3 meses na Ásia e 3 meses
na Europa.

E O BABY?

Pois então, e o nosso pequenino, como fica nesta história toda?

Rudra, nosso filho, nasceu de um lindo parto domiciliar assistido pela equipe HANAMI em Florianópolis, dia 28 de Agosto de 2010, portanto quando embarcarmos ele terá 4 meses de vida e voltará quando tiver 1 ano. Graças a algumas mulheres maravilhosas com que tive contato, a minha concepção sobre maternidade mudou muito. Maternidade é uma transformação e não uma estagnação. Ou seja, acreditamos no parto ativo, na amamentação exclusiva ao peito, no dar colo, no elimmination comunication, no dormir junto... Aquela imagem da mãe gorda, jogada no sofá, dando mamadeira, que parou sua vida, foi radicalmente retirada da minha cabeça. Conheci mulheres saudáveis, que carregam seus bebês para todos os lugares, que são ativas e criativas, que resgatam a forma de criação natural: Respeitam os ritmos e a inteligência de seus bebês, atendem prontamente ao seu choro, conversam, cantam e interagem com eles, olham em seus olhos no amamentar, e não os estimulam artificialmente (através de TV, papinhas industrializadas, mamadeiras, brinquedos prontos, etc). Assim, afloram tanto seu instinto quanto sua intuição maternal.

Mas voltando a viagem... Percebi que poderia ter esta experiência com meu bebê, sim!
Utilizando meu instinto maternal tudo é possível, pois é isto que tenho vivido com ele nesses quatro meses. Já fomos juntos a São Paulo, Maresias, Urubici, Rio de Janeiro e Cabo Frio. Carro, avião, ônibus, metrô e até barco já foram experimentados sem problema algum! bebê/criança precisa se sentir seguro e amado em primeiro lugar, se assim for, o resto é administrável com um pouco de disposição e criatividade. Para isto, os pais devem estar felizes, realizando seus sonhos e projetos, não deixando de fazer o que gostam. Mas devem sim adaptar suas vidas e também dividir as tarefas.

Por isto repito: maternidade/paternidade = transformação e não estagnação! E é por isto que lhe demos o nome de Rudra, um dos nomes de Shiva, o Deus Hindu que personifica a energia da transformação.

Que Ele nos abençoe nessa crianaestrada.

Om namah shivaya!

sábado, 19 de fevereiro de 2011