quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tudo pode ser brincadeira!

"Santo Agostinho não usou a palavra “brinquedo”. Sou eu quem a usa porque não encontro outra mais apropriada. Armar quebra-cabeças, empinar pipa, rodar pião, jogar xadrez, bilboquê, jogar sinuca, dançar, ler um conto, ver caleidoscópio: não levam a nada. Não existem para levar a coisa alguma. Quem está brincando já chegou. Comparem a intensidade das crianças ao brincar com o seu sofrimento ao fazer fichas de leitura! Afinal de contas, para que servem as fichas de leitura? São úteis? Dão prazer? Livros podem ser brinquedos?

O inglês e o alemão têm uma felicidade que não temos. Têm uma única palavra para se referir ao brinquedo e à arte. No inglês, play. No alemão, spielen. Arte e brinquedo são a mesma coisa: atividades inúteis que dão prazer e alegria. Poesia, música, pintura, escultura, dança, teatro, culinária: são todas brincadeiras que inventamos para que o corpo encontre a felicidade, ainda que em breves momentos de distração, como diria Guimarães Rosa.

Esse é o resumo da minha filosofia da educação. Resta perguntar: os saberes que se ensinam em nossas escolas são ferramentas? Tornam os alunos mais competentes para executar as tarefas práticas do cotidiano? E eles, alunos, aprendem a ver os objetos do mundo como se fossem brinquedos? Têm mais alegria? Infelizmente não há avaliações de múltipla escolha para se medir alegria..." (Rubem Alves)

Quintal, mágico
Clica em cima pra ver o álbum!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Fazer você, se fazer"

Essa foi a capa do caderno do Dia das Crianças do Página3, jornal de Balneário Camboriú, que convidou algumas crianças a mostrarem através de desenhos ou frases o que é ser criança. Achei SEN SA CIO NAL a forma que o moleque se expressou. CRIA cria!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Para ser crianaestrada

Para ser crianaestrada é preciso muito mais do que a estrada. É preciso um quintal com grama, pedrinhas e flores. Cachorro, casa na árvore, espaço para correr. É preciso uma banheira, uma esponja e um barquinho de papel.


Para ser crianaestrada é preciso pais atentos e sensíveis, que montam cabaninhas com lençóis floridos, contam história sob a luz da lanterna e ainda dormem com a cria embaixo na cabana, bem no meio da sala bagunçada. Destes que fazem bolo de chocolate no domingo de chuva, que inventam brincadeiras com fantoches de pano, levam para correr no parque, na praia, no mato, carregam a cria na mochila para uma viagem inesperada.



Trio parada dura

Banho é bom até na pia


Oie
 
Para ser crianaestrada é preciso bem mais do que ser cria. É preciso pés descalços, um moletom velho, um carrinho de madeira, uma ladeira, um arranhão no joelho esquerdo. E no direito também. É preciso liberdade, mas também limites. Nascer e pôr-do-sol, mas também horas de sono. Se sujar da cabeça aos pés, mas banho no final do dia.

Para ser crianaestrada, é preciso vida. Lá fora. Tendo o sol como luminária. O vento no rosto e mais um monte de coisa que só tem lá fora.


  
Ladeeeeeira

Obra de arte


Descobrindo



* As crianças João, 5 anos, e Olivia, 2, são as crianaestradas do Alexandre e da Larissa Kammer, pais sensíveis, viajantes, que sabem o quanto uma infância feliz é fundamental

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Todo dia é dia!

Aqui em casa, não sei desde quando, a gente tem uma filosofia de que Dia das Crianças é data de fazer passeio, ir pro mato, pra praia, pra montanha, sei lá o que, menos pra dentro de um shopping cair no padrão fácil de que pra marcar a data precisa de um presente da moda.

Sem subestimar a capacidade infantil de entendimento, explicamos que a intenção do tal dia é comercial e que podemos, se quisermos, transformar num dia especial (apesar de que todo dia é dia) que será marcado pela essência de ser "quirança": vendo coisas novas, deliciando-se com um bolo de chocolate, pintando, correndo, mergulhando, brincando. Fora da caixa!

As vós, e tias, e quase-todo-mundo dizem "coitadinhos deles", mas é aqui nasceram, receberam o corpo e o lar que precisavam, e aqui, nesse lar, vivemos de acordo com as nossa crenças. Agradecemos os presentinhos com um muito obrigado, e o melhor mesmo é estar junto.

Esse ano não teve trip, a faxina de início de estação da casa está durando dias, mas teve um fim de semana prolongado com muita praia, amigos, bola, piquenique no mato, e bolo. E o melhor - tudo idéia deles e feito por eles! Como disse meu parceiro de vida, "nossa casa está sempre muito cheia de crianças". E graças a DEUS!

Fui buscar nas minhas gavetas bagunçadas fotos de passeios que fizemos nos dias das crianças e cheguei à conclusão de que todo dia é dia, REALMENTE. Tem muita coisa. Selecionei essas, outubro de 2009, Mariscal, Bombinhas, SC, pertinho de casa, e que teve muita cria criando junto.

Do surfe: Pedro, 5, Sara, 3, Joana, 5, Gabriel, 6, Davi, 9, e Anna, 9. Hoje todos eles um ano mais velhos, rs.
Pedro, Costão Mariscal, 2009
Nesse dia especificamente o Pedro estava muito emocionado porque estava subindo "sua primeira montanha", que foi o Morro do Mirante no Mariscal. Fico feliz de ter participado desse momento.
Muito feliz.
Sara Lee tá em casa.

Davizoca

Acordando pra mais um dia de crianças. E como é bom.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia de bike

Feriado de sol. Praia Brava. Dia de bike. Ventinho gostoso no rosto, aquele ar marítimo anunciando o verão. OK, OK, preciso me render aos poucos encantos dele (o verão). Dias com hoje, né? Se bem que ainda é Primavera (mas com ares de verão). :-)

Será que a cria curtiu? E será que existe presente mais precioso para um Dia das Crianças do que atenção, um colinho, um solzinho, um passeio de bike?


Sol, lindo sol

Sóis

Casa nas costas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cria!

"Quanto menos pronto estiver o brinquedo, mais enriquecedora será a brincadeira" Raquel Testoni



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Três coisas para qual eu nasci

"Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O "amar os outros" é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.

E nasci para escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por quê, foi esta que eu segui. Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.

Quanto aos meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Meus dois filhos foram gerados voluntariamente. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no mundo. Mas tenho uma descendência, e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha: é fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha, estarei seguindo o destino de todas as mulheres.

Sempre me restará amar. Escrever é alguma coisa extremamente forte mas que pode me trair e me abandonar: posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo e que eu devo aprender também a parar. Em escrever eu não tenho nenhuma garantia.

Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. Amar não acaba. É como se o mundo estivesse a minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera."
(Clarice Lispector)

Pra pensar

"Os adultos deveriam saber, sempre é tempo para inventar uma infância" (Fabrício Carpinejar)

Renazinho Gradaschi, eterno amigo-irmão mais novo, comendo balinha de gengibre, ''capivarando" e pensando na vida.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lá!

"Para captar tantas coisas maravilhosas ditas pelas crianças é só ter ouvidos de ouvir criança"* (Clarice Lispector)


* colaboração da nossa amiga Lú Altmann via twitter ("lembrei do crianaestrada")

Inspiração

Boa semana para todas as crias na estrada!



Given Goodwin, com dois anos incompletos, surfa com a mãe Daize Shayne Goodwin, campeã mundial de longboard (1999 e 2009) em Waikiki, Hawaii.